A oito dias da entrada em vigor do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar publicamente uma abertura de diálogo com o governo de Donald Trump. Em evento realizado em Minas Gerais nesta quinta-feira (24), Lula afirmou que os americanos “não querem conversar” e ironizou: “Se ele quisesse, pegava o telefone e me ligava”.
A declaração escancara o impasse diplomático entre os dois países. O governo brasileiro já enviou duas cartas formais — uma em maio e outra em julho — ao Departamento de Comércio dos EUA, mas ambas seguem sem resposta. Enquanto isso, diversos setores da economia nacional já sentem os efeitos antecipados da medida, que deve impactar diretamente exportações, investimentos e empregos.
O plano emergencial brasileiro, coordenado pelos ministros Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, está em fase final e deve ser apresentado ao presidente na próxima segunda-feira (28). A proposta busca mitigar os danos às empresas mais expostas ao mercado americano, que hoje representa o principal destino de investimentos brasileiros no exterior. Só em 2024, foram US$ 22 bilhões aplicados por empresas nacionais em 23 estados americanos.
A postura da Casa Branca, segundo fontes dos ministérios envolvidos, depende exclusivamente do aval de Trump para que qualquer negociação formal seja iniciada. Enquanto isso, o Brasil tenta manter canais técnicos abertos com o Tesouro americano e aposta em articulações com empresários dos dois países para pressionar por uma solução comercial.
A ironia do momento é que, apesar da retórica de “proteção nacional”, os EUA também têm muito a perder. Mais de 3.600 empresas americanas operam no Brasil, e os investimentos dos EUA no país somaram mais de US$ 357 bilhões em 2024. O risco de um “perde-perde” é real — e o silêncio diplomático pode custar caro para ambos os lados.
Com informações de G1, Folha de S.Paulo, Agência Brasil e O Globo.
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