Após a repercussão do vídeo do influenciador Felca — que denunciou a “adultização” e exploração de menores nas redes sociais — o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, voltou a defender a regulamentação das plataformas digitais. Segundo ele, o governo Lula deve enviar um projeto de lei nos próximos dias para responsabilizar empresas que lucram com conteúdos criminosos.
Rui foi direto: “Essas empresas faturam bilhões e não querem ser fiscalizadas porque ganham dinheiro patrocinando crimes.” Entre os delitos citados estão pedofilia, tráfico de crianças, prostituição e fraudes bancárias. O ministro também fez um alerta aos pais sobre o que seus filhos consomem online.
A proposta do Ministério da Justiça foca na responsabilização civil das plataformas, enquanto o projeto da Fazenda mira práticas antitruste. Já o PL 2628/2022, que trata da proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, deve finalmente ser pautado na Câmara após o vídeo de Felca mobilizar milhões de brasileiros.
Quem é Felca?
Felipe Bressanim Pereira, o Felca, é um youtuber paranaense de 27 anos que começou como streamer de games e hoje acumula mais de 5 milhões de inscritos no YouTube e 14 milhões de seguidores no Instagram. Conhecido por seu humor ácido e vídeos de reação, Felca viralizou ao denunciar influenciadores que exploram menores para engajamento — como Hytalo Santos, investigado pelo MP da Paraíba.
Felca já venceu processos contra TikTok e X (antigo Twitter) por suspensões indevidas e difamações. Recentemente, moveu ações contra mais de 200 perfis por calúnia, após ser falsamente acusado de crimes. Sua atuação tem sido reconhecida por entidades como a Associação Brasileira de Psiquiatria, que o nomeou parceiro na luta pela saúde mental.
A hipocrisia legislativa em horário nobre
A súbita mobilização do Congresso para discutir proteção infantil nas redes soa conveniente. Na semana passada, os plenários foram ocupados por parlamentares bolsonaristas em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. A obstrução paralisou votações importantes, enquanto projetos de anistia para golpistas do 8 de janeiro eram articulados nos bastidores.
Agora, com a imagem pública arranhada, deputados correm para mostrar serviço. Mas a verdade é que muitos desses projetos já estavam engavetados há meses. A indignação só aparece quando o desgaste político bate à porta — e não quando crianças são exploradas diante de milhões de telas.
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