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COP30 em Belém: Quando o Clima Esquenta Fora do Pavilhão
Amazônia como palco global... desde que o hotel não custe o preço de uma floresta inteira.
Por Administrador
Publicado em 01/08/2025 09:51 • Atualizado 01/08/2025 14:20
Política

A contagem regressiva para a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), ganhou um novo capítulo: uma carta assinada por representantes de 25 países pede que o evento seja transferido — ou ao menos parcialmente realocado — devido aos altos preços de hospedagem, problemas logísticos e preocupações com segurança. A capital paraense, escolhida por simbolizar os desafios da Amazônia frente às mudanças climáticas, agora enfrenta uma pressão internacional que ameaça sua posição como sede da conferência.

O documento, enviado à organização da COP e à UNFCCC, destaca que participar da conferência significa ter acesso a acomodações adequadas, transporte eficiente e segurança, inclusive durante a noite. Com diárias que chegam a 700 dólares, delegações de países em desenvolvimento cogitam reduzir seus representantes ou até mesmo não comparecer. A crítica não é à escolha da cidade em si, mas à falta de infraestrutura e à explosão de preços que compromete a inclusão e a representatividade — pilares fundamentais de qualquer negociação climática.

O governo brasileiro, por meio da secretaria extraordinária da COP30, reafirmou que não há possibilidade de mudar a sede. No entanto, alternativas emergenciais estão sendo estudadas, como o uso de Airbnb, escolas públicas, navios-cruzeiro e até habitações do Minha Casa, Minha Vida para ampliar a oferta de hospedagem. A situação é tão crítica que uma reunião de emergência da UNFCCC foi convocada no final de julho para tratar exclusivamente do tema. O Brasil tem até 11 de agosto para apresentar uma resposta oficial às demandas internacionais.

A ironia é evidente: enquanto o mundo discute soluções para salvar o planeta, os bastidores da COP30 revelam que o maior obstáculo pode ser... encontrar um quarto com preço justo. A crise expõe um dilema entre o simbolismo de sediar o evento na Amazônia e a realidade prática de receber milhares de pessoas com dignidade. Belém, que deveria ser vitrine da luta ambiental, corre o risco de se tornar exemplo de como não se faz diplomacia climática.

A COP30 ainda pode acontecer com sucesso na capital paraense — mas será preciso mais do que discursos inspiradores. Será necessário garantir que todos, dos chefes de Estado à sociedade civil, possam participar plenamente. Porque lutar contra as mudanças climáticas exige, antes de tudo, acesso democrático à mesa de negociações.

 

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